domingo, 15 de agosto de 2010

Dívida explica casamento desigual de TAM com LAN

Acionistas brasileiros terão participação minoritária de 30% na nova companhia aérea a ser controlada por chilenos
A empresa de aviação brasileira TAM carrega o dobro de passageiros, opera uma frota de quase 50% a mais de aviões e seu faturamento é 30% superior ao da nova parceira, a chilena LAN, a qual decidiu combinar suas operações na sexta-feira, criando a LATAM, a maior companhia aérea latina.
Mas como uma empresa maior cede espaço na estrutura societária que controlará a nova companhia para uma empresa de menor porte?
Quando a operação que criará a empresa estiver completa, os acionistas chilenos deverão ter cerca de 70% do capital da LATAM ao passo que os brasileiros, liderados pela família Amaro, possuirão 30%.
Uma explicação é o perfil financeiro da TAM, cujas obrigações são proporcionalmente mais altas e sua capacidade de pagamento desta dívida é mais apertada na comparação com a LAN.
A dívida da empresa brasileira chega a R$ 7,7 bilhões, dos quais 84% estão atrelados a moeda estrangeira. A cifra sobe para R$ 9 bilhões se for incluída o endividamento com as operações de arrendamentos de aeronaves. Neste critério, a dívida da LAN é de cerca de R$ 5,5 bilhões e R$ 6,8 bilhões, respectivamente.
Mas a capacidade de geração de caixa da TAM é de cerca de R$ 1 bilhão, se for anualizado, quase o mesmo que a empresa chilena. A relação entre dívida e geração de caixa é calculada em seis vezes, ou seja, a TAM precisaria de seis anos sem assumir nenhum outro compromisso para zerar sua dívida - o dobro do tempo da LAN.
Além disso, a margem operacional da LAN ficou em 22,5% enquanto a da TAM é de 14%, segundo dados do ano passado.
Entre maio e junho, a agência Fitch manteve a classificação de risco da LAN, mas rebaixou a nota da TAM. "O rebaixamento reflete a deterioração do perfil de crédito da TAM em razão do alto nível de alavancagem com o baixo nível de geração de caixa", escreveu a agência, em maio. A Fitch notou o crescimento da competição além do fato de a empresa anunciar um plano agressivo de compra de novos aviões da Airbus.
O acordo anunciado nesta sexta-feira para combinação das operações entre TAM e LAN, as duas maiores companhias aéreas da América do Sul, foi desenhado de uma forma para atender a legislação, que restringe a participação estrangeira no setor aéreo brasileiro.
Mas, na prática, a transação representa uma compra da empresa brasileira pela companhia chilena, numa operação avaliada em US$ 3,8 bilhões (cerca de R$ 6,8 bilhões),

Histórico
A TAM e a LAN iniciaram as primeiras conversas para uma eventual união de suas operações em 2006, segundo apurou o iG. Na época, as conversas não deram certo.
Os controladores não chegaram a um acordo sobre os valores para a troca mútua de ações. A família Amaro queria manter uma participação igualitária com os controladores da Lan.
Mas com a desvalorização das ações da TAM, em razão das dificuldades financeiras, os papéis da empresa brasileira tiveram queda – eles chegaram a ser cotados a quase R$ 74 em 2006. Na quinta-feira, véspera do anúncio do acordo, as ações eram cotadas a R$ 28.
Fonte: IG

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